quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

APRESENTAÇÃO

NOVO SITE DA JPVIANA.

VISITA

NOVA EQUIPA

JP VIANA



Juventude Popular do Viana do Castelo foi a votos no dia 20 de Janeiro de 2010 para eleger os seus novos dirigentes concelhios.
Num acto eleitoral com grande aderência às urnas foi eleita a lista A,com o lema, "UMA JP DE E PARA TODOS" liderada por Carlos Meira, Elsa Lima Rolo, João Matos, e Ricardo Gorito Meira com 45 votos a favor e uma abstenção.

Os novos órgãos concelhios da Juventude Popular de Viana:


Comissão Politica Concelhia


Presidente: Carlos Meira
Vice-Presidente: Elsa Lima Rolo
Vice-Presidente: Joao Matos
Vice-Presidente: Ricardo Gorito Meira
Secretário-geral:Tiago Natario
Vogal: Ana Bachmann
Vogal: Ana Matos
Vogal: Carina Ribeiro
Vogal: Jorge Longarito
Vogal: Eduardo Caldas
Vogal: Bruno Sousa

Mesa do Plenário Concelhio


Presidente: Diogo Viegas Meira
Vice-Presidente: Ana Raquel Almeida
Secretario: Carlos Marinho

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010


INICIO DAS JORNADAS PARLAMENTARES
DO CDS-PP
EM VIANA DO CASTELO













"Portugal não pode perder os Estaleiros Navais de Viana do Castelo"

- Paulo Portas

Arrancaram em Viana do Castelo, esta segunda-feira , as Jornadas Parlamentares do CDS-PP dedicadas à economia e pobreza, os trabalhos começaram com uma visita aos Estaleiros de Viana do Castelo. O líder do CDS-PP, Paulo Portas, mostrou-se preocupado com a situação da empresa e afirmou que “Portugal não pode perder os Estaleiros Navais de Viana do Castelo” e que se isso acontecer, a única alternativa é “comprar no estrangeiro”. O antigo ministro da Defesa diz que a os Estaleiros Navais de Viana do Castelo são “essenciais” e têm de ser “viavéis”.
As Jornadas Parlamentares do CDS-PP incluiram ainda, em Viana do Castelo, a realização de uma conferência sobre “o grande desafio marítimo português do século XXI, com o presidente da estrutura de Missão para a extensão da plataforma continental, Manuel Pinto Abreu. O Mar esteve em destaque num debate sobre a possibilidade de Portugal aumentar a sua capacidade de influência sobre este recurso, que de acordo com o CDS-PP, representa uma “indústria de futuro para o país”.
Written by Rubina Jassat

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010



RENASCEU A JP DE VALENÇA
No dia 24 de Janeiro de 2010 foi eleita a nova Comissão Política de mais uma concelhia no Alto-Minho. Desta vez a JP conta com uma estrutura em Valença do Minho, liderada por Renato Moreno que discutiu um conjunto de ideias e projectos com o Secretário-Geral da JP. Foi também inaugurado o novo website da JP de Valença, que aderiu ao projecto nacional de sites concelhios e que poderá a partir de hoje ser visitado através do endereço: http://valenca.juventudepopular.net/

JP Ponte de Lima

Foi eleita no dia 23 de Janeiro de 2010 a nova Comissão Política Concelhia da Juventude Popular de Ponte de Lima. Abel Francisco Baptista volta a liderar a estrutura minhota e contou no dia da sua eleição com a presença do Secretário-Geral da JP, Eric Rodrigues, do Coordenador Distrital de Viana do Castelo, Carlos Morais Meira e do Vereador da Juventude e militante da JP, Miguel Pires da Silva. As eleições foram realizadas no Hotel Império do Minho, onde também se realizou uma reunião para discutir a implantação da estrutura da JP no Alto Minho.

CDS-PP: PIDDAC 2010

"é mais um castigo para os alto-minhotos"


Written by Ivone Marques
27-Jan-2010 às 14:43

O Alto Minho foi, “mais uma vez, votado ao abandono”. É este o comentário do deputado do CDS-PP eleito por Viana do Castelo, Abel Baptista, em relação ao PIDDAC para 2010. Abel Baptista traça um termo de comparação com distritos como, por exemplo, o de Lisboa, para chegar à conclusão que o Governo decidiu mais uma vez impor “um castigo” aos alto-minhotos, numa altura em que a situação do distrito é já muito complicada.

Abel Baptista lembra que, embora o investimento desça em todo o país, no caso de Lisboa a quebra vai dos 400 milhões de euros para 327 milhões, enquanto que Viana do Castelo passa dos 42 milhões para menos de 6 milhões de euros. Entende que o PIDDAC deveria servir para apoiar as regiões mais desfavorecidas mas que, o que se verifica na prática, é que regiões como Viana do Castelo acabam por ser as mais penalizadas com os cortes governamentais. Daí classificar o PIDDAC 2010 como mais uma “decepção para os alto-minhotos”.


Portas propôs ao governo cortar salários dos políticos e dos gestores públicos

por Ana Sá Lopes, Publicado em 27 de Janeiro de 2010 | Actualizado há 17 horas
A proposta do CDS pretende dar autoridade ao executivo para forçar a contenção. A contrapartida seria um aumento real nos salários mais baixos dos funcionários públicos.
Durante as negociações para o Orçamento do Estado, o PSD apoiou o aumento zero para a função pública, atendendo ao estado do défice, mas o CDS propôs uma alternativa: um aumento real dos salários mais pequenos da função pública (abaixo de 800 euros) e, para compensar, um corte nos vencimentos dos políticos como o Presidente da República, o primeiro- -ministro, os membros do governo e os deputados - e também dos gestores públicos. O governo não deu resposta, por enquanto, à proposta dos centristas.

O argumento utilizado pelo CDS foi que seria necessário, para o governo, "autoridade" para pedir agora contenção. E a autoridade governamental ficaria mais reforçada para impor sacrifícios se começasse por "dar o exemplo". Não seriam os cortes nos salários dos políticos e dos administradores das empresas públicas e dos institutos públicos a solucionar o problema do défice nacional, mas, conforme defendeu a delegação centrista aos encontros com o governo, a medida "exemplar" poderia minorar o impacto que necessariamente acontecerá com aumentos reais de nível zero na função pública.

Os centristas defenderam, junto do governo, que o aumento do ano passado, quando a inflação foi negativa, tinha sido "eleitoralista" e, também por isso, o governo teria neste momento um problema de autoridade para impor a contenção e o rigor. Luís Queiró afirmou insistentemente que a discriminação positiva dos salários mais baixos era fundamental para conseguir impor esta política e foi recordado que, quando Manuela Ferreira Leite era ministra das Finanças, no governo PSD/CDS, o congelamento dos salários só afectou os mais altos. É aí que o CDS sugere que, se o governo não optar por discriminar positivamente os salários mais baixos, deveria dar o exemplo "de cima".

A questão do aumento zero para a função pública irá dominar as negociações na especialidade do Orçamento do Estado. Os partidos à esquerda previsivelmente irão apresentar propostas de alteração para que os vencimentos de fim de escalão não sejam abrangidos pela "tolerância zero". Se o PSD se juntar ao CDS e à esquerda e admitir a discriminação positiva dos salários menores, prefigura-se mais uma "coligação negativa".

Na segunda-feira, ao anunciar a abstenção do seu partido ao Orçamento do Estado, Manuela Ferreira Leite afirmou apoiar a contenção dos salários da função pública: "Se essa for uma das medidas do governo, o PSD tem de ser coerente com o seu voto", afirmou Manuela Ferreira Leite, antes de Teixeira dos Santos apresentar as linhas gerais do Orçamento do Estado à imprensa e anunciar que não haveria "aumentos reais" para os funcionários públicos.

Recorde-se que os sindicatos da função pública pediam aumentos entre 2,5 e 4%. No ano passado, o aumento foi de 2,9%, mas com a queda dos preços acabou por se transformar num aumento real de 3,7%. Em 2007, quando o aumento salarial foi de 2,1%, abaixo da inflação, a UGT e a CGTP juntaram-se numa greve geral que "fechou" a função pública.

Espera-se grande contestação ao "aumento real zero". Ontem, em declarações ao i, a dirigente da Frente Comum da Função Pública (ligada à CGTP), Ana Avoila afirmava que "ninguém vai ficar parado": "Vamos continuar a lutar. Já está marcada uma grande manifestação nacional para 5 de Fevereiro."

O presidente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado, Bettencourt Picanço, afirmou que 2010 será "um ano de tensão" entre trabalhadores e governo. Os trabalhadores sentem- -se, segundo Bettencourt Picanço, ligado à UGT, "defraudados". As declarações do ministro das Finanças foram "a confirmação de uma aposta na perda do poder de compra dos trabalhadores".

O ministro das Finanças aposta no controlo do défice, começando "com uma redução significativa" em 2010. O aumento zero insere-se na estratégia de controlo das contas públicas.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Idoso vive abandonado no restaurante fechado pela ASAE

00h37m

ANA PEIXOTO FERNANDES

Joaquim Carvalho foi durante três décadas o proprietário do restaurante mais conhecido de Viana do Castelo. Há seis meses, a ASAE fechou-lhe a casa por alegadamente não ter condições. O desgosto levou o empresário para o desleixo, abandono e miséria.

Foi dos anos 60 aos 80 o salão de festas mais badalado da região de Viana do Castelo e o restaurante predilecto de várias gerações pela sua localização à beira mar, em Afife. Fechado há pouco mais de seis meses pela Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), o estabelecimento conhece agora a decadência. O proprietário, Joaquim Carvalho, vive lá dentro, abandonado a si próprio e em condições degradantes.

"Não quero sair daqui de maneira nenhuma. Daqui só para o cemitério", diz Joaquim Carvalho, que aos 71 anos atravessa o pior momento da sua já longa vida. Sozinho no seu restaurante "Praia", vive no limiar da miséria humana.

Sem água, aproveita a da chuva em três bacias colocadas nas traseiras do estabelecimento, onde tem um pequena casa, prestes a ficar sem luz eléctrica. As últimas facturas tem sido pagas graças à caridade alheia. Sem tomar banho há mais de dois meses e deprimido até à medula, começou recentemente a receber apoio e refeições do Centro Social e Paroquial de Afife, depois de a instituição ter sido alertada por um vizinho.

Quase não fala por desgosto

"Quando cheguei aqui, isto estava num estado deplorável. As louças todas acumuladas, não se podia entrar na cozinha com o cheiro. Na altura ainda havia água e limpamos. Agora todas as semanas vimos fazer limpeza, levamos roupa para lavar e todos os dias lhe trazemos comida. Para lavar a louça usamos água da chuva. Esta é uma situação de abandono, porque ele tem cinco filhos", conta Luísa Rocha, auxiliar no centro que presta apoio a Joaquim Carvalho, curiosamente seu antigo patrão. "O encerramento foi um desgosto para toda a gente porque isto era muito conhecido, mesmo por espanhóis".

Manuel Laranjo, comerciante de Afife da geração de Joaquim, foi quem procurou ajuda para o proprietário do estabelecimento. "Não é nenhum bicho que está aqui, é um ser humano. Tem de haver alguém que se interesse", diz revoltado. Em jovem, Laranjo chegou a ser porteiro no "bar da praia". "Era a única casa aqui na região. Chegamos a meter 700 pessoas. Vinha gente de todo o lado para a festa", recorda, lembrando que na altura cobrava de entrada "50 escudos aos homens e 20 às mulheres, uma fábrica de fazer notas".

Hoje, Joaquim quase não fala. Quando tenta as palavras, embarga-se-lhe a voz. "Uma casa destas...não tenho explicação", repete, enquanto mostra o estabelecimento, que se apresenta tal e qual estava no dia em que a ASAE lhe fechou a porta. Centenas de pratos com restos de comida amontoam-se na bancada da cozinha. O cheiro é nauseabundo. Há pouco tempo, foram retiradas dali arcas frigorificas cheias de peixe e carne podre. O proprietário vestido com um robe, percorre os espaços, arrastando os pés metidos nuns chinelos de quarto. "Valha-me Deus", chora.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010


Daniel Campelo. "O que temos hoje é um Parlamento amestrado"





A marcação da entrevista revelou um Daniel Campelo pouco interessado em falar sobre o famoso "Orçamento Limiano". Mas aceitou o repto e convidou os jornalistas a comparecerem na reserva ecológica da área protegida das Lagoas, em Ponte de Lima. Na hora marcada, chegou no seu jipe, desceu e disse sorridente: "Esta é que é a verdadeira história do Orçamento Limiano." O espaço a que agora dedica todo o seu tempo como director - depois de ter abandonado a presidência da Câmara Municipal de Ponte de Lima, que ocupou durante 16 anos -, é apontado pelo próprio como "a jóia da coroa" dos seus mandatos. Mas o arranque do projecto só foi possível devido à intervenção do então ministro do Ambiente, José Sócrates, que, após uma visita ao local, assinou em 30 dias o despacho que "permitiu construir a melhor área protegida do país". Foi o início de uma relação de proximidade entre Campelo e Sócrates, que meses mais tarde se transformou numa porta de entrada para a viabilização do Orçamento do Estado para 2001, proposto pelo governo minoritário de António Guterres: Sócrates foi "um interlocutor privilegiado" nas negociações para definir um caderno de encargos que levasse os deputados de Viana do Castelo a subscrever o Orçamento. Numa fase inicial, Daniel Campelo teve a companhia de um deputado do PSD. Mas acabou por viabilizar o Orçamento sozinho. Resistiu às pressões no CDS e venceu o impulso de se demitir dos cargos de deputado e de presidente da Câmara de Ponte de Lima. Hoje olha para trás com o sentimento de que valeu a pena: "Voltaria a fazer o mesmo. Talvez tivesse outros cuidados de linguagem, mas voltaria a fazer o mesmo porque acho que fiz bem." Hoje, defende, "os deputados não podem ser marionetas dos partidos".

Gosta de queijo?

Gosto de queijos com alma. Portugal tem bons queijos, mas só gosto dos que têm alma. Não gosto de queijo flamengo.

Que sente por ter ficado para a história política como o homem do orçamento do Queijo Limiano?

Só aconteceu por força da apetência dos jornalistas para a notícia mais sensacionalista ou caricata. Na altura, como eu tinha feito uns meses antes, uma greve de fome, na sequência de divergências quanto à marca Queijo Limiano, acabaram por fazer a ligação fácil ao Queijo Limiano, associando-o ao Orçamento que ajudei a aprovar. Mas esse Orçamento do Estado incluía coisas muito mais sérias, profundas e estruturadas para o desenvolvimento da região e para a correcção das assimetrias que eram ainda muito fortes na altura.

Como surgiu essa disponibilidade para viabilizar um Orçamento do Estado de um governo PS, numa altura em que era deputado do CDS?

Na altura, a verdade é que todos os partidos queriam que esse Orçamento passasse, mas ninguém queria votar para não ter o ónus da sua viabilização. Sabendo disso, e sabendo também que outros deputados da região criticavam o obscurantismo a que os governos tinham votado o distrito de Viana do Castelo, decidimos votar esse Orçamento do Estado [OE] a troco do mero cumprimento das promessas do governo para a região. Nunca exigimos nada que não fosse devido e que não fosse natural, pois eram intenções que transitavam sucessivamente de ano para ano nos OE e nas intenções dos governos. Só exigimos isso.

Contactou então o governo de Guterres para viabilizar o OE.

Fiz saber da minha disponibilidade para votar nessas condições, o governo respondeu e concordou... portanto votei.

E quais eram as grandes linhas desse caderno de encargos que apresentou ao governo de Guterres?

Eram um conjunto de acessibilidades rodoviárias e portuárias e um pacote de incentivos às zonas do interior mais desfavorecidas. Não eram coisas diabólicas ou muito especiais. Eram apenas coisas que os governos inscreviam sucessivamente nos seus OE e nunca cumpriam.

Entre elas a criação desta área protegida das Lagoas, em Ponte de Lima?

Não. Este espaço resultou de um convencimento feito meses antes directamente ao então ministro do Ambiente, José Sócrates, que em boa hora fez aquilo que nenhum outro ministro do Ambiente tinha feito. Todos tinham visitado este espaço e manifestado grande admiração, mas não tomaram a iniciativa de o classificar. José Sócrates fez em 30 dias a portaria para a sua classificação. Foi aí que ele conquistou também uma parte da admiração, amizade e confiança que lhe permitiu depois ir mais longe quando se considerou oportuno. No fundo, a minha aproximação a esse governo resultou da eficácia na classificação desta zona como área protegida e, mais tarde, da aprovação de financiamentos que permitiram construir aqui a melhor área protegida do país.

José Sócrates foi depois um intermediário nas negociações com Guterres?

Foi um interlocutor privilegiado só por causa disso: tinha criado uma boa imagem no distrito de Viana do Castelo, até porque também conseguiu resolver o problema dos aterros sanitários nesta zona, como fez um pouco por todo o país. Ou seja, gerou uma empatia e uma confiança na sua eficácia, não apenas na Câmara de Ponte de Lima, mas em todas as câmaras do distrito. Isso foi confessado por todos. Mas a verdade é que foi nesta classificação de zona de área protegida que pode dizer-se que começou a viabilização desse "Orçamento Limiano". Acabou por ficar com esse nome apesar de os apoios para uma nova fábrica de queijo em Ponte de Lima, incluídos nessa negociação, nunca terem resultado em nada por não terem aparecido empresários interessados em investir.

Numa fase inicial tinha mais apoios entre outros deputados da região. Mas acabou por viabilizar o OE sozinho. Que aconteceu?

Tinha sido tomada uma decisão de grupo no seio da associação de autarcas do distrito, onde se desenhou inicialmente a hipótese de viabilizarmos o Orçamento. Depois acabei por ficar sozinho, porque outro deputado do PSD decidiu recuar nas suas intenções.

Nunca hesitou?

Houve momentos em que as pressões foram de tal ordem que hesitei e ponderei até demitir-me de deputado e presidente de câmara. Mas outras pessoas fizeram-me ver que isso seria um erro e seria fugir pelo sítio mais fácil. Resolvi não fugir e enfrentar a situação.

Como reagiu Paulo Portas?

Já é conhecido: reagiu mal! Mas eu acho que é compreensível. Uma coisa era se eu tivesse viabilizado o OE em conjunto com outro deputado de outro partido. A imagem seria de um voto regional, tal como tem acontecido várias vezes com o voto da Madeira. Mas, como fiquei sozinho, essa viabilização passou a ser resultado de um voto individual de alguém que pertencia a um partido. Obviamente tudo isso caiu em cima de mim, mas não me importei muito.

Saiu do CDS, regressou depois com Ribeiro e Castro. Como está hoje a sua relação com Paulo Portas?

Está normal. As pessoas depois vão interiorizando as coisas. Sempre fui a favor de uma obediência aos eleitores e aos compromissos que assumimos com os eleitores. Mas há pessoas que acham que a obediência ao directório partidário é mais importante e dão-lhe preferência. Nunca concordei com isso e sempre achei que a política só tem sentido quando tem utilidade para as pessoas que nos elegem. Tive a oportunidade de ser útil para as pessoas que me elegeram e não a desperdicei.

Seria, portanto, favorável a uma alteração na lei eleitoral portuguesa, para os círculos uninominais?

Sim. Era a única forma de impedir que deputados se candidatem e depois se demitam antes de tomar posse. Ou outros que assumem compromissos com as pessoas, mas depois não querem saber e votam aquilo que os obrigam a votar. É óbvio que os ciclos uninominais obrigam a um diálogo muito mais profundo dentro dos partidos. Mas há pessoas que não querem diálogo, querem é centralizar. O país já é centralista e depois querem também centralizar a governação. Os ciclos uninominais obrigariam os partidos a ter mais cuidado na escolha dos deputados, a escolher com mais qualidade e a ter muito mais cuidado com os compromissos que assumem com os eleitores. O que se passa agora é que os deputados não votam em função da sua região, mas, sim, em função do que decide o partido. Isso tem de ser feito de forma mais clara, até para haver uma maior responsabilização dos eleitos perante o eleitorado.

Sentiu-se ostracizado no CDS?

Nunca me senti ostracizado. Até senti muito apoio de pessoas do partido, algumas delas até pertenciam à direcção. O que aconteceu foi mais uma questão de incomodidade política perante os cenários políticos da altura. Mas, a partir do momento da minha votação, o país passou a reflectir muito sobre as reais obrigações de um deputado. Aliás, houve vários comentadores que escreveram sobre isso e acho que a maioria até defendeu a minha posição. Há hoje necessidade de tornar a política muito mais autêntica e tentar encontrar soluções para que as pessoas confiem mais nos deputados que elegem. Os deputados não podem estar só a votar para um directório em Lisboa que decida tudo. Os deputados não podem ser marionetas de um secretário-geral ou de um presidente de um partido.

Acha que é o que temos hoje na Assembleia da República?

Completamente! O que temos hoje é um Parlamento amestrado em que os deputados não têm nome ou autonomia e em que os deputados por si só não valem nada. Isso é mau para a democracia. É normal que se vote em consonância com as orientações das bancadas, porque há princípios comungados por todos os deputados eleitos por um partido. Mas naquele momento específico achei que era uma hipocrisia o que estava a acontecer, porque todos os partidos queriam que aquele Orçamento fosse aprovado. Todos! Da mesma forma que está agora a acontecer uma hipocrisia, porque todos os partidos da oposição estão a criar condições para que não tenhamos um governo estável. Portanto, arriscamo-nos a ter eleições antecipadas porque há falta de diálogo entre os deputados e entre os partidos. Ou seja, há hipocrisia porque ninguém quer eleições antecipadas, mas andam todos a falar e a fazer exigências, além de termos uma oposição a aprovar medidas avulsas fora do OE e contra o sentido de governação da maioria. Acho que é demasiado arriscado, e até um pouco irresponsável, que os partidos aprovem à força medidas que o governo não está disposto a cumprir.

Acha que há um braço-de-ferro que tem pouco a ver com os interesses do país?

Exactamente. Esse jogo tem mais a ver com os interesses partidários de criar dificuldades à governação, de mostrar serviço ou fazer aquilo de que o povo gosta. Mas às vezes é preciso fazer as coisas de que o país precisa e não aquilo de que o povo gosta. O momento económico do país é grave. Não estamos em hora de floreados mas, sim, em hora de decisões e de grandes responsabilidades.

O Presidente da República tem repetido os apelos para que acabem as querelas partidárias. Acha que é mesmo possível acabar com elas?

Há anos que digo isso. Portugal tem uma lógica de governação que pensa muita na estratégia dos partidos e pouco na estratégia do país. E isso nota-se em todos os partidos.

Se estivesse hoje na Assembleia da República teria defendido uma coligação de governo entre o PS e o CDS?

Completamente. E provavelmente não tinha votado algumas coisas, como a extinção do PEC, antes de assegurar uma negociação de profundidade para o futuro. Votar coisas avulsas sem tentar negociar uma estabilidade profunda não é responsável.

Mas o eleitorado entenderia que depois de um combate tão cerrado de Portas a Sócrates os dois se unissem no governo?

Uma coisa é criticar uma decisão. Outra coisa é depois conseguir vencer barreiras em nome do interesse nacional. Mas aí também é óbvio que o governo tem de criar condições para que isso aconteça. Não pode continuar a governar como se tivesse maioria. No fundo, o que os partidos têm de entender é que a responsabilidade é de todos. Agora parece que a poeira está a começar a assentar e que pode haver entendimentos. Vamos ver o que acontece.

Acha que este governo minoritário tem condições para chegar ao fim da legislatura?

No esquema que há em Portugal acho que não tem. Se os partidos mudarem a sua forma de trabalho e agirem apenas com um horizonte de eleições dentro de quatro anos, pode ter essas condições. Mas olhando para a tradição e para a ânsia dos partidos no geral, acho que vai ser muito difícil acabar esta legislatura. Embora o desejável fosse que o governo pudesse chegar ao fim.

Ficou a conhecer bem José Sócrates durante a altura do "Orçamento Limiano"?

Conheço alguma coisa, dentro daquilo que foi um trabalho entre um autarca e um membro do governo. Acho que é um indivíduo determinado, um lutador, que tem uma grande capacidade de resistência e de trabalho.

Concorda com o rótulo de arrogante?

Não sei. Também me acusaram muitas vezes de ser arrogante enquanto presidente de câmara, por ter ideias e às vezes não abdicar delas. As pessoas tendem a interpretar isso como arrogância. Mas não considero que essa arrogância seja uma característica predominante em Sócrates. Acho que é mais a determinação e que as pessoas podem confundir as coisas. Mas acho que um político não pode fazer só a vontade ao povo, se não deixa de ser líder e passa a ser liderado. Só que, como dizia Kissinger, também não pode andar tão longe do povo que o povo não o veja. Tem de haver um equilíbrio. O país precisa de estadistas, de gente que resista à tentação do serviço partidário acima do serviço ao país. Há já muito tempo que Portugal não tem estadistas. Raramente aparece um ministro com essa determinação e, quando aparece, alguém trata de o queimar logo. Normalmente os ministros mais responsáveis nas questões do interesse nacional são os mais facilmente queimados quer pelas oposições, quer pela comunicação social, quer pelos partidos a que pertencem.

Tem algum exemplo em mente?

Tenho. O ministro da Saúde Correia de Campos e a ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues. Eram do melhor que o último governo tinha, mas não foram populares. Porque é essa a mentalidade portuguesa e em grande parte da comunicação social, que também é responsável por aparar esse jogo da oposição, dos sindicatos e dos interesses corporativos. Hoje toda a gente percebe que o que a nova ministra da Saúde tem feito é a continuação do trabalho iniciado por Correia de Campos. Fá-lo é com algum low profile, mas a parte difícil do trabalho já estava feita. O que aconteceu foi que houve interesses corporativos, mesmo dentro do PS, que levaram a que esses ministros não lhes servissem, pelos incómodos que causaram. É uma lógica negativa, porque faz com que as políticas de contentamento se sobreponham às políticas de Estado.

Era favorável a um pacto de regime para os próximos anos?

Sim, sempre defendi que, num momento destes em que não há minoria, deveria haver uma coligação forte. O país exige-o. Fosse um bloco central, fosse outro entendimento mais alargado. As pessoas não podem estar mais preocupadas com o verbo do que com a acção no país.

Retirou-se entretanto da política activa. Não pondera voltar?

Antes da última autárquicas decidi não me recandidatar à Câmara de Ponte de Lima, depois de 16 anos na presidência. Apoiei a solução vencedora, fiz apelo às pessoas para confiarem nela e acho que Ponte de Lima tem o seu governo em boas mãos para os próximos quatro anos. Agora, sempre disse que admitia continuar vivo na política para coisas de que goste, para coisas que saiba ou para coisas em que as pessoas me queiram.

Falou-se numa possível candidatura à Câmara de Viana do Castelo.

É pouco provável, mas não é impossível. Não quero fechar a porta a nada. O que quero é continuar a ser um cidadão útil à minha comunidade e à sociedade, envolvendo-me em projectos interessantes fora da política. Mas se um dia for chamado de volta à política, e se isso for do meu gosto e útil aos propósitos do que eu considero uma cidadania activa, não fecho a porta a essa possibilidade.

Já disse que queria travar um combate pela regionalização.

Não tenho dúvida nenhuma que o problema maior que Portugal atravessa hoje é não ter regiões e não ter uma organização regional. Temos um movimento municipalista forte, mas que tem o problema de não ter escala. Os municípios entraram numa situação em que vão começar a gastar dinheiro inútil, tal como as juntas de freguesia. Neste momento eu advogo a criação de regiões e a extinção das juntas de freguesia. Já cumpriram o seu papel, foram úteis, mas devem dar agora lugar a uma escala de trabalho mais alargado ao nível municipal, sendo que os municípios devem abdicar de parte das suas competências - e o governo de muitas - para uma estrutura regional que possa potenciar as capacidades de cada região. Se o país não reflectir seriamente sobre isto, durante esta legislatura, o país não conseguirá avançar para os tais projectos estruturais que o mantenham numa rota de futuro. Essa deveria ser a primeira coisa a discutir no país e não estas coisas dos casamentos homossexuais.

É contra as causas fracturantes da esquerda?

São coisas para divertimento. O país precisa é de enfrentar as causas reais do seu atraso. Não me perturbam nada essas causas, mas são coisas marginais que só interessam a meia dúzia de pessoas e que entretanto vão entretendo o país na discussão dessas causas que poderiam ser seguramente discutidas, mas que não são as causas principais do país. Até parece que o problema principal do país é haver pessoas do mesmo sexo que não se podem casar. Isso é ridículo.